quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Fora de mim.

Entre pedregulhos, flores e  espinhos, me encontrei iniciando uma jornada homérica, longa e empreita numa vasta floresta. Estava descalça, desprovida de vestes , tinha apenas a transparência da minha alma suja de carmim.
Um cheiro de murta exalava por todo ambiente, misturado ao cheiro das flores que me tornava mais pachorrenta. Contudo,  algo foi mais forte que o aroma inebriante, e de pachorrenta me tornei atordoada... Impulsivamente, olhei para todos os lados, louvando com clamor toda a paisagem que me circundava. De repente, comecei a gritar, mas o meu grito era uma bela melodia que se disputava com o cantar dos passarinhos. A minha dança, por sua vez, se trancafiava  ao embale do sussurro do mar, o qual não estava calmo, muito menos manso, mas atordoado como se algo o tornasse vil.
Em meio aos arrulhos,  continuei a gritar, cantar e a dançar quando, de repente,  me encontrei à tessitura. Foi mágico , uma verdadeira utopia. Consegui fazer dum lugar macabro, totalmente abandonado que se assemelha à tristeza, o meu palco de dança.
Ao lado direito, tinha um enorme caramanchão,  que tinha frutos, sim, eu vi frutos. Em seguida, me senti tentada a devorá-los como a Eva se sentiu com a maçã do éden.
Ao lado esquerdo, tinha um enorme mar aberto que parecia me acalentar com sua estúpida avareza.  No momento, não soube para qual lado partir, e meu coração, um tanto quanto puro, se viu pretuberante. De repente, avistei um enorme barranco, então eu subi, e subi, e subi. ..Parecia não ter fim. Repentinamente, uma voz tenebrosa gritava com tanta intensidade : "Vamos, saia daí!" Um lugar decerto abandonado ainda tinha pessoas? Foi o que passou pela minha mente. Me sentia perdida, mas ao mesmo tempo me encontrava naquele lugar que gradativamente se sintonizava ao meu estado de espírito. Não soube para qual lado partir. E se a voz que estava clamando para que eu me retirasse fosse dona de uma alma traidora e cruel? E se eu andasse um pouco mais para frente, o que aconteceria comigo? Não pensei novamente e andei abruptamente para a frente. Subitamente, não senti mais os meus pés , senti apenas um tremendo frio na barriga, e olhando para baixo, me senti cada vez mais próxima dum mar aberto. Eu não sabia nadar, mas adorei voar. Viajei para bem longe de mim , ainda  não tenho a certeza se voltei.

15 comentários:

  1. Que perfeitoooo! !! Meus parabéns , linda!!!

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  2. Que texto lindo! Escritora perfeita, amei o texto!

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  3. garota tu é demais

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  4. Amei Maiana, tão descritivo... detalhado... e ao mesmo tempo é tão claro e tão subentendido... muito apaixonante sua escrita.

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  5. Ela voltou! Desceu de novo... para ver onde estava dificil quando subiu da primeira vez.
    Percebeu nessa segunda subida que estava mais leve!
    E que não precisava mais descer pra ver.
    Voou de novo e viu um amanhecer. Sra. BORBOLETA pediu que entrasse, sentasse e absorvesse. Ela esta sentada em plena expansão no entendimento...
    Pois ela sabe que logo a Sra. ÁGUIA ira pedir pra ela se levantar e sair pela mesma porta que entrou!

    Pois esse é o ciclo: "SÓ LEVANTA PARA ENSINAR QUEM SENTA PARA APRENDER"

    Ass:NôMADï

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